Cinco meses perversos me foram tomados
Mas vejo tudo como um sonho distante
Parecem anos, parece que nada aconteceu.
Os outros padecem, a minha mão vos ofereço
Porque suas mudanças dóem e eu sinto como se eu tivesse nascido assim
Me valho dos meus versos – à boca da noite ou do dia, já não importa -
As coisas não feneceram diante dos meus olhos
O sol continua a brilhar em minhas retinas, a rosa não secou
Nem secará jamais.
Me vesti toda em alma, matéria já não sou
E eu realmente sinto como se eu tivesse nascido assim
O passado. Ah, como o passado me parece presente
Talvez seja eterno, não é estático. Revivo.
Se tudo é história não reclamo do advento de novos dias
Dias bons ou maus são dias
e deles eu preciso.
Me alimento de luz e sombra
Sol e lua em movimento fazem crescer assim toda a vida
Eu sou rosa de espinhos de aço
Colho do vento as sementes que ele me traz
Enquanto o poeta canta me contando os novos dias.
As palavras nunca morrem
Os documentos nunca são superados
Os jornais velhos me contam um mundo novo...
Me perdi no tempo e no espaço
Relógio e calendário nada significam a não ser os dias que eu tenho
e parece que eles também me têm
Os dias me são infinitos talvez por isso nunca morrerei.

Tenho medo
Medo de não superar
Medo dos dias me vencerem
Acabando com a minha ilusão de que tudo me é infinito
E realmente muito me é infinito
Mas não pessoas
Elas murcham como flores na madrugada
Os veios de suas folhas, as veias de sua carne
Em verdade temos medo. Nascemos escuro.¹
Mas esquecemos. O dia perdoa.²
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