quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Rosa de Espinhos de Aço

Os dias passam um atrás do outro
Cinco meses perversos me foram tomados
Mas vejo tudo como um sonho distante
Parecem anos, parece que nada aconteceu.
Os outros padecem, a minha mão vos ofereço
Porque suas mudanças dóem e eu sinto como se eu tivesse nascido assim
Me valho dos meus versos – à boca da noite ou do dia, já não importa -
As coisas não feneceram diante dos meus olhos
O sol continua a brilhar em minhas retinas, a rosa não secou
Nem secará jamais.
Me vesti toda em alma, matéria já não sou
E eu realmente sinto como se eu tivesse nascido assim
O passado. Ah, como o passado me parece presente
Talvez seja eterno, não é estático. Revivo.
Se tudo é história não reclamo do advento de novos dias
Dias bons ou maus são dias
e deles eu preciso.
Me alimento de luz e sombra
Sol e lua em movimento fazem crescer assim toda a vida
Eu sou rosa de espinhos de aço
Colho do vento as sementes que ele me traz
Enquanto o poeta canta me contando os novos dias.
As palavras nunca morrem
Os documentos nunca são superados
Os jornais velhos me contam um mundo novo...
Me perdi no tempo e no espaço
Relógio e calendário nada significam a não ser os dias que eu tenho
e parece que eles também me têm
Os dias me são infinitos talvez por isso nunca morrerei.
Mas não posso mentir
Tenho medo
Medo de não superar
Medo dos dias me vencerem
Acabando com a minha ilusão de que tudo me é infinito
E realmente muito me é infinito
Mas não pessoas
Elas murcham como flores na madrugada
Os veios de suas folhas, as veias de sua carne
Em verdade temos medo. Nascemos escuro.¹
Mas esquecemos. O dia perdoa.²

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